Hoje somente 11% dos advogados negros estão em grandes escritórios
Busto em homenagem a Esperança Garcia
O Fundo Esperança Garcia, iniciativa do Instituto Desvelando Oriz, e o escritório Pinheiro Neto Advogados quer capacitar mil advogados negros nos próximos cinco anos.
Segundo a Aliança Jurídica pela Equidade Racial, atualmente, somente 11% dos advogados negros integram 12 dos maiores escritórios do país. Em 2020, esse índice era de 1%.
O projeto consiste em bolsas com cursos de formação para advogados que queiram atuar na “advocacia antirracista”, em que serão apresentadas aulas sobre educação, saúde, esportes, consumo, mercado de trabalho e reforço sobre áreas tradicionais do direito brasileiro.
“Apoiar o Fundo Esperança Garcia e outras ações concretas que buscam uma sociedade mais igualitária não apenas é o correto, mas também o justo. O racismo estrutural representa uma das maiores injustiças presentes em nossa sociedade”, afirma Renê Medrado, coordenador da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão do Pinheiro Neto Advogados.
Além da capacitação, o projeto vai oferecer assistência jurídica gratuita às vítimas de crimes raciais.
A adesão ao fundo é aberta a escritórios, empresas, marcas e pessoas comprometidas com a agenda antirracista, que integra a agenda 2030 da ONU. As cotas de patrocínio vão de R$ 100 mil a R$ 500 mil.
Esperança Garcia foi uma mulher negra escravizada e reconhecida pela OAB em 2002 como a primeira advogada do Brasil. Em 1770, ela denunciou ao governador do Piauí os maus tratos e abusos cometidos contra escravos —o documento, encontrado 200 anos mais tarde, é considerado como uma das primeiras petições jurídicas do país.