Ricardo Cappelli foi enviado ao Rio de Janeiro para reunião com a superintendência da Polícia Federal no estado e com o governador Cláudio Castro.
Cappelli foi enviado por Flávio Dino, ministro da Justiça, ao Rio de Janeiro para acompanhar as apurações e se reuniu com a superintendência da Polícia Federal no estado, que já colabora com a Polícia Civil.
Na sexta-feira (6), Cappelli estará com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que já conversou com Dino, por telefone, na manhã desta quinta.
Entenda o caso
Três médicos ortopedistas, incluindo o irmão de Sâmia Bomfim, foram assassinados em um ataque a tiros na avenida da praia da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira (5). Uma quarta vítima ficou ferida e está internada.
Os quatro foram socorridos por bombeiros, mas três deles morreram no local. Um outro médico está internado.
A Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM-RJ) informou que policiais do 31° BPM (Recreio dos Bandeirantes) foram chamados para atender a uma ocorrência de homicídio na Avenida Lúcio Costa, na praia do bairro. Chegando lá, encontraram as quatro vítimas baleadas.
O grupo estava na cidade para participar do 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo, evento internacional com apoio da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, entidade que os médicos faziam parte.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga o caminho percorrido pelo carro dos criminosos e avalia se aconteceu alguma coisa no deslocamento do grupo de São Paulo para o Rio. A princípio, os primeiros indícios apontam para uma execução.
Quem eram as vítimas?
Diego Bomfim
- Diego Ralf de Souza Bonfim era irmão da deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) e se especializou em reconstrução óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Marcos Corsato
- Marcos de Andrade Corsato era médico assistente do grupo de Tornozelo e Pé do IOT da FMUSP. Ele fez graduação e mestrado em ortopedia e traumatologia na USP.
Perseu Almeida
- Perseu Ribeiro Almeida se formou em medicina pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) de Salvador, fez residência em ortopedia e traumatologia pelo COT e se especializou em cirurgia em pé e tornozelo pelo IOT da FMUSP.
Investigadores não descartam que vítima foi confundida com miliciano
Investigadores da Polícia Civil que cuidam do caso não descartam que a execução possa ter sido feita sem motivação política.
A avaliação preliminar é que os criminosos buscavam outros alvos, e não os médicos assassinados.
Uma das linhas da investigação sugere que um dos médicos mortos, Perseu Ribeiro Almeida, pode ter sido confundido com o filho de um miliciano, pois os dois teriam a aparência física muito próxima.
Segundo essa hipótese, a execução encomendada seria a de Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, um dos principais chefes da milícia que atua na zona oeste do Rio.
Os policiais ouvidos pela imprensa ressaltaram que as informações ainda são preliminares, e não descartam a possibilidade de vínculo político como motivação. Não são descartadas também as possibilidades de que o caso envolva a milícia no estado do Rio de Janeiro, e de que os executores sejam de outros estados.
O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, segue outra linha de investigação, e disse que o crime pode ter relação com a atividade parlamentar da deputada Sâmia Bonfim – ou do marido dela, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).
A deputada Sâmia Bomfim chegou a registrar, no ano passado, um boletim de ocorrência por ter sofrido ameaças de morte.
Testemunha descreve crime
Uma testemunha disse à imprensa que “foi tudo rápido e assustador”. “Estava do lado do ocorrido, tomando uma cerveja, comendo. Aí a gente ouviu um barulho. Parecia garrafa quebrada. Quando deu o segundo ou terceiro barulho idêntico, a gente percebeu que era tiro. Aí a gente desceu correndo pra orla da praia.”
“Quando deu um minuto mais ou menos, eu voltei. Tinha deixado meus pertences na mesa, não tinham roubado nem nada. Então a gente percebeu que não foi um assalto, já tinham ido embora. Acho que eram dois ou três elementos ali. Enfim, foi tudo muito rápido e assustador, minha primeira experiência no Rio de Janeiro foi horrível”, disse a testemunha que não quis se identificar.
Edição: PORTAL DEMOCRATA
Foto: Divulgação/Ministério da Justiça