Instagram; @falacanedo
Por: Salmo Vieira
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
Fonte: Intercept/Brasil
No cenário educacional brasileiro, uma força-tarefa bolsonarista emerge, estrategicamente visando influenciar a Conferência Nacional de Educação (Conae) com agendas de extrema direita. Com o objetivo explícito de “formar famílias em todos os estados brasileiros” contra o “aparelhamento ideológico da educação”, a mobilização secreta planeja levar temas como homeschooling e o Escola Sem Partido à etapa nacional da Conae, marcada para ocorrer entre 28 e 30 de janeiro na Universidade de Brasília.
A Conae, convocada pelo Fórum Nacional de Educação para construir o Plano Nacional de Educação (PNE) de 2024 a 2034, tem como foco principal a promoção de uma educação inclusiva e comprometida com o desenvolvimento sustentável. No entanto, a chamada “Força Tarefa Conae” promete direcionar debates para pautas alinhadas com a extrema direita, desviando o propósito original do evento.
A estratégia, coordenada por meio de mais de 40 grupos no WhatsApp, destaca-se pelo sigilo, evitando divulgação em redes sociais abertas como Twitter e Facebook para surpreender o governo Lula e os participantes da conferência. Palestras e atividades, iniciadas em 8 de janeiro, abordam temas controversos como “crise de autoridade na educação” e “opção de gênero”, esta última denunciada por especialistas como uma abordagem preconceituosa.
A “Força Tarefa Conae” conta com o apoio de entidades de extrema direita, como a Associação Nacional de Educação Domiciliar e a Confederação Nacional das Associações de Pais de Alunos, que integra o próprio Fórum Nacional de Educação. A organização instiga participantes a se organizar virtualmente, sugerindo um esforço concentrado para influenciar as discussões da conferência e tumultuar o evento de participação social da gestão Lula.
Andressa Pellanda, coordenadora-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, destaca a mobilização bolsonarista como um “sintoma preocupante” de um movimento mais amplo na sociedade brasileira e global, caracterizado por extremismos de direita que reagem hostilmente a políticas voltadas para garantia de direitos, equidade e liberdades individuais. O fenômeno, embora evidencie uma resposta tardia dos bolsonaristas ao processo de participação, revela um desafio significativo na busca por uma sociedade inclusiva e justa.