Por: Alex Alves
Foto: Destaque/Agência Brasil
Em uma tarde comum de outubro de 2023, em Brasília, a professora aposentada Maria Zélia, de 76 anos, tornou-se vítima de um sofisticado golpe eletrônico. Uma ligação de um suposto gerente bancário alertando sobre atividades suspeitas em sua conta desencadeou uma série de eventos que resultaram em um prejuízo significativo de R$ 180 mil.
A história de Maria Zélia reflete uma triste realidade crescente no Brasil, onde golpes telefônicos e eletrônicos prejudicam cada vez mais os correntistas. Mesmo com esforços da Polícia Federal, dados alarmantes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam mais de 200 mil ocorrências de estelionato eletrônico, enquanto a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas estima que 7,2 milhões de consumidores foram vítimas de fraudes bancárias nos últimos 12 meses.
Apesar dos investimentos consideráveis em segurança por parte dos bancos, totalizando R$ 3,5 bilhões em 2022, os golpistas continuam a inovar e explorar brechas. A chefe do Departamento de Supervisão Bancária do Banco Central, Belline Santana, reconhece o impacto na confiança do consumidor no sistema financeiro.
A responsabilidade das instituições financeiras também é questionada, e a juíza Marília de Ávila e Silva Sampaio destaca que, mesmo com investimentos, os bancos não estão isentos de responsabilidade, conforme a Súmula 479 do Superior Tribunal de Justiça.
O desafio atual é encontrar um equilíbrio entre a evolução digital das transações e a segurança do consumidor. O projeto de moeda digital do Banco Central, o Drex, levanta dúvidas sobre a eficácia dessas medidas diante da sofisticação dos golpes. A economista Ione Amorim, do Idec, destaca a necessidade de regulamentações mais robustas para garantir a segurança nas transações financeiras digitais.
Nesse cenário desafiador, a confiança no sistema financeiro torna-se crucial. O combate eficaz aos golpes eletrônicos exige uma abordagem conjunta de instituições financeiras, autoridades e reguladores, visando assegurar a integridade e confiabilidade do sistema para proteger os consumidores.