Por: Tatiane Braz
Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
O Brasil enfrenta uma disparidade alarmante nos investimentos em segurança pública, revela o estudo “O Funil de Investimento da Segurança Pública e Prisional no Brasil” do centro de pesquisa Justa. Os gastos com policiamento nos estados são 4 mil vezes superiores aos destinados a políticas para egressos do sistema prisional. A cada R$ 4.389 empregados no policiamento, apenas R$ 1.050 são alocados para o sistema penitenciário, e míseros R$ 1 para iniciativas que assegurem os direitos dos egressos.
O Rio de Janeiro se destaca como o estado proporcionalmente que mais investiu em policiamento, não alocando recursos para políticas aos egressos. São Paulo lidera em valores absolutos, despendendo uma verba significativa para o policiamento. Luciana Zaffalon, diretora-executiva da entidade, ressalta a necessidade urgente de reverter essa alocação de recursos, que favorece o encarceramento em massa em detrimento de políticas de reinserção.
O estudo revela que, dos 12 estados analisados, o Rio de Janeiro direciona 10,8% de seu orçamento público para as polícias Militar e Civil, enquanto o gasto com o sistema penitenciário representa apenas 1,2%. Em contraste, São Paulo, com a maior fatia orçamentária, alocou montantes superiores ao destinado a diversas áreas importantes, como cultura, saneamento, e ciência e tecnologia.
A falta de investimento em políticas para egressos aumenta a vulnerabilidade a uma nova prisão devido ao estigma e à falta de oportunidades fora do cárcere. O defensor público Diego Polachini destaca que o modelo de investimento em segurança no país, focado no encarceramento, agrava as desigualdades sociais e não impacta significativamente na redução da violência.