Por: Redação/portaldemocrata.com.br
Foto: Destaque/CMRJ e Alan Santos/VPR
O ex-chefe do Executivo negou que ter recebido qualquer informação ou relatório da agência e falou em “perseguição claríssima” contra ele e os filhos
O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) negou nesta segunda-feira, 29, que Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro, e os outros filhos políticos, tenham pedido informações para Alexandre Ramagem (PL), ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Em entrevista à imprensa, o ex-chefe do Executivo disse que não recebeu qualquer informação ou relatório da agência e falou em “perseguição claríssima” contra ele e os filhos.
“Jamais meu filho pediria algo que não é legal para o Ramagem”, afirmou o ex-presidente.
Bolsonaro disse ainda que [nunca buscou informações de quem quer que seja]. “Eu gostaria de saber o que foi informado pelo Ramagem de volta. Obviamente, nos órgãos do governo, é comum as pessoas fazerem questionamentos. O que foi perguntado? Se é o andamento de um processo, não tem problema nenhum. Se é interferência, é outra questão. O que foi informado pelo delegado Ramagem? O que estava sendo investigado nesse processo, parece que é de 2020 essa mensagem? Que processo é esse? O que estava sendo investigado? Eu nunca busquei colher dados de quem quer que seja para me defender“, comentou.
Mensagens enviadas por uma assessora de Carlos Bolsonaro o colocaram no centro da investigação da PF sobre o esquema de espionagem ilegal que teria sido montado na Abin durante o governo Bolsonaro. Luciana Almeida pediu a uma assessora de Ramagem, na época diretor da Abin, informações sobre dois inquéritos de interesse da família Bolsonaro.
“Estou precisando muito de uma ajuda”, escreve Luciana à auxiliar de Ramagem ao informar o número das investigações e indicar que elas envolveriam o “PR (presidente da República) e 3 filhos“.
Segundo a PF, o filho do ex-presidente e o então diretor da Abin conversavam por meio das assessoras para evitar deixar “vestígios“. Carlos ainda não se manifestou sobre a investigação.
Bolsonaro negou que tenha recebido “qualquer informação ou relatório da agência de inteligência”. “Eu raramente tinha contato com a Abin. Nunca recebi informação, localização geográfica, de quem quer que seja. Nunca precisei disso. Não pedi e não tive qualquer relatório da Abin“, afirmou.
Ao pedir autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para fazer buscas em endereços ligados ao vereador carioca, a PF afirmou que ele fez parte do [núcleo político do grupo que teria se instalado na Abin no governo do ex-presidente]. A polícia chama os investigados de “organização criminosa” e vê indícios de espionagem ilegal e aparelhamento dos sistemas de inteligência.
Para a PF, as mensagens entre a assessora de Carlos Bolsonaro e a auxiliar de Ramagem confirmam que aliados de Bolsonaro tinham acesso direito ao ex-diretor da Abin e usavam o canal para conseguir informações sigilosas e sobre ações não totalmente esclarecidas.
A Polícia Federal acredita que o aparato da Abin tenha sido usado para monitorar políticos de oposição ao governo do ex-presidente e para auxiliar a defesa de filhos de Bolsonaro em investigações criminais.
A agência também teria sido usada para atacar as urnas e para “tentar associar” ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ao Primeiro Comando da Capital (PCC).