Por: Redação/PD
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O encontro iminente entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, está envolto em uma série de desafios diplomáticos, centrados principalmente na crise em Gaza e nas relações Brasil-Israel-EUA.
Do lado brasileiro, Lula enfrenta críticas por sua abordagem em relação a Israel, especialmente após comparar o Holocausto com a situação em Gaza. Essa declaração desencadeou reações negativas de Israel, levando ao retorno do embaixador brasileiro para consultas e uma tensão nas relações bilaterais.
Ao assumir a presidência novamente, Lula buscou uma política externa mais ativa, mas suas escolhas têm sido questionadas, como a reaproximação com líderes controversos como Maduro e Putin, além das críticas a Israel. Essas decisões levantam dúvidas sobre sua capacidade de se posicionar como um negociador pela paz, especialmente diante de questões como a guerra na Ucrânia e agora em Gaza.
Por outro lado, a administração de Biden enfrenta sua própria crise em relação a Israel e Gaza. O apoio tradicional dos EUA a Israel tem sido criticado pela base democrata, especialmente os jovens eleitores, que são cruciais para a campanha de Biden. Biden precisa equilibrar o apoio aos eleitores judeus com a pressão para conter a ofensiva israelense em Gaza, especialmente diante das eleições que se aproximam.
A visita de Blinken ao Oriente Médio para negociar um cessar-fogo em Gaza não teve sucesso, com Israel planejando uma operação em Rafah que poderia ter consequências desastrosas para os civis e as relações regionais.
Em meio a essas crises, o encontro entre Lula e Blinken também levanta questões sobre as relações bilaterais entre Brasil e EUA, especialmente em um contexto em que Washington busca se reaproximar do Sul Global para conter a expansão chinesa.
O tema ambiental parece ser um ponto de convergência entre a gestão Biden e Lula, mas as relações do ex-presidente brasileiro com Pequim e Moscou são vistas com cautela em Washington.
Enquanto isso, a Casa Branca busca alternativas à iniciativa chinesa Cinturão e Rota, e a defesa da democracia e preocupações ambientais parecem ser pontos em comum entre Brasil e EUA.
Críticas legítimas às ações de Israel em Gaza podem ser feitas sem recorrer ao uso do Holocausto, e o Brasil deve buscar alianças baseadas em interesses comuns e valores compartilhados, evitando afastar potenciais aliados com posturas controversas. A crise em Gaza continua a ser um desafio, não apenas para os países envolvidos, mas para a estabilidade regional e as relações internacionais como um todo.