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Por: Tatiane Braz
Foto: Arquivo Pessoal/Diego Michel Fernandes da Silva
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, trouxe à tona uma descoberta preocupante sobre a transmissão vertical dos vírus da zika e chikungunya pelo mosquito Aedes aegypti. Este mosquito, conhecido por ser vetor da dengue, foi identificado como portador também dos vírus da zika e chikungunya em seus ovos, apontando para um potencial aumento na disseminação dessas doenças.
Os resultados deste estudo, recentemente publicado na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, destacam a seriedade do cenário para a saúde pública. A equipe de especialistas da UFG, composta pelo Centro de Estudos e Pesquisas sobre Agentes (Re)emergentes e pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, em colaboração com a Unidade Sentinela e Centro de Referência em Medicina Internacional e de Viagens de Goiânia, coletou ovos de Aedes aegypti em sete diferentes regiões da cidade.
Esses ovos foram cuidadosamente criados em laboratório até que as larvas emergiram, totalizando 1.570 amostras. A separação por sexo foi realizada, uma vez que a transmissão desses vírus para os seres humanos ocorre principalmente através das fêmeas durante seu período reprodutivo.
Após a eclosão das larvas, os pesquisadores conduziram testes de PCR para detectar a presença dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Os resultados foram preocupantes: duas amostras testaram positivo para chikungunya e uma para zika, confirmando assim a transmissão vertical dessas doenças pelos mosquitos.
Diego Michel, biólogo e líder do estudo, ressaltou a relevância dessas descobertas: “O fato de ovos infectados poderem resistir a ciclos naturais, como períodos de seca, e eclodirem durante o período chuvoso é um alerta para a vigilância epidemiológica. Esses mosquitos, altamente infecciosos desde o início, não precisam necessariamente de hospedeiros humanos para iniciar a transmissão.”
A transmissão vertical dos vírus da zika e chikungunya pelo Aedes aegypti representa um desafio adicional para o controle dessas doenças. Ainda não se sabe por quanto tempo os vírus permanecem nos mosquitos, o que aumenta a urgência de medidas de prevenção.
Michel destaca que, embora seja um mecanismo de transmissão natural, o impacto real dessa descoberta no aumento das arboviroses na região ainda não está completamente compreendido. Medidas de prevenção, como a eliminação de criadouros e o uso de repelentes, são fundamentais para mitigar a propagação dessas doenças.
Este estudo, apoiado pela Capes e CNPq, foi possível graças à colaboração da Secretaria de Vigilância Sanitária de Goiânia. Isso evidencia a importância da pesquisa científica e da cooperação entre instituições para enfrentar desafios de saúde pública, como a transmissão desses vírus por mosquitos vetores.