Por: Sidney Araujo
Foto Destaque: Reprodução
Há 30 anos, no dia 01 de maio de 1994, o Brasil congelou no momento em que Ayrton Senna se chocou contra uma barreira de concreto, no Grande Prêmio de San Marino, em Ímola, na Itália. A batida, que aconteceu a mais de 300 km/h, tragicamente deu fim a vida de um homem, mas não conseguiu frear a lenda Ayrton Senna.
A lenda que vai além das gerações
Um gênio, Senna conseguia atrair a atenção de milhares de brasileiros em cada corrida. Pelos televisores, todos vinham naquele piloto uma personificação de si próprio no dia a dia.
Das lutas e dificuldades; de se arriscar em meio à violência e insegurança em busca de algo melhor para os seus, assim como Senna pisava fundo em cada curva mesmo com os adversários e as condições bem duvidosas das provas.
No país do futebol, Ayrton igualou em popularidade com as tardes de jogos importantes da seleção brasileira.
Não apenas pelas vitórias e o “tema da vitória” tocada em cada “lá vem Ayrton!”, na voz de Galvão Bueno, mas o legado de Ayrton Senna está na sua mensagem de força em meio as vitórias e derrotas. Do inconformismo com a derrota.
O que lhe torna de fato, um herói, é a sua insistência e a falta do medo. Essa inconformidade fez com que sua história ultrapassasse barreiras de tempo, espaço e classes, quebrando várias divisões. Talvez, por isso, Ayrton Senna seja um ídolo para milhões de brasileiros que não eram nascidos até 94, sendo reverenciado por gerações até os dias atuais.
A trágica prova de Ímola
Em 1994, Senna era Tricampeão mundial pela McLaren (1988, 1990 e 1991) e tinha acabado de chegar na Williams-Renault, que era a escuderia que havia vencido as últimas duas temporadas da Fórmula 1.
Contudo, assim como a história de um homem comum e também de um herói, Senna, que já travou vitórias inesquecíveis, alcançou superações e teve tantas alegrias, enfrentava um momento de turbulências em seu início na nova equipe. Nas duas primeiras provas da temporada, no Brasil e no Japão, Senna não foi bem e acabou abandonando os GPs.
Em San Marino, ele estava pressionado para pontuar pela primeira vez, já que era colocado com um dos favoritos daquele ano. Para isso, ele precisava enfrentar o audacioso e jovem Michael Schumacher, de apenas 25 anos, além do promissor e também brasileiro Rubens Barrichello.
Curiosamente, nos treinos de classificação para a prova uma tragédia envolvendo o piloto austríaco Roland Ratzenberger, que também tinha 34 anos, acabou abalando Ayrton Senna.
Em um dos momentos da fase de treino, o carro de Ratzenberger explodiu contra o muro e o piloto faleceu devido aos ferimentos cerebrais. Traumatizado, Senna chegou a protestar por melhorias e prometeu que iria homenagear o austríaco caso vencesse em Ímola.
Mas apesar dos planos traçados, outro caminho foi desenhado. Na sexta volta da prova, o piloto brasileiro ganhou a primeira posição, mas a sua barra de direção quebrou. Com o carro não obedecendo aos seus comando, Ayrton seguiu reto na curva e atingiu com violência a barreira de pneus.
Enquanto os primeiros socorros eram feitos na pista e ele era levado de helicóptero para o Hospital Maggiore, em Bolonha, o Brasil acompanhava de maneira desnorteada o que tinha acabado de acontecer.
Horas depois, às 18h40 no horário da Itália, a equipe médica confirmou a morte de Senna. De acordo a autópsia, uma parte da suspensão do carro acabou perfurando o capacete e o crânio do ídolo brasileiro, que teve morte instantânea.
No dia 05 de maio, cerca de dois milhões de pessoas acompanharam o trajeto que levou o corpo de Ayrton Senna até o Cemitério do Morumbi, onde ele foi enterrado com honras de chefe de estado.
Mesmo após 30 anos da sua morte, Senna ainda é fruto de diversos trabalhos, homenagens e é reconhecido com um dos maiores nomes não apenas do esporte nacional, mas também como uma personalidade. Recentemente, a Netflix anunciou uma minissérie que irá contar a vida do piloto brasileiro. A produção deve ser disponibilizada ainda este ano.