Por: Tatiane Braz
Foto: Reprodução/Reuters
Ebrahim Raisi, o presidente do Irã, morreu tragicamente em um acidente de helicóptero, encerrando abruptamente uma carreira marcada por desafios políticos e controvérsias. Raisi assumiu a presidência em 2021, em um momento crítico para o país, enfrentando dificuldades econômicas severas, tensões regionais crescentes e negociações nucleares estagnadas.
Nascido em 1960 na cidade sagrada de Mashhad, Raisi seguiu os passos de seu pai clérigo desde cedo, ingressando em um seminário na cidade de Qom aos 15 anos. Participou ativamente da Revolução Islâmica de 1979, que derrubou o regime do xá Mohammad Reza Pahlavi. Após a revolução, iniciou sua carreira no judiciário, rapidamente ascendendo a procurador-adjunto em Teerã.
Sua associação com o “Comitê da Morte” de 1988, responsável pela execução de milhares de prisioneiros políticos, assombra sua trajetória. Embora negue envolvimento direto, Raisi justificou as execuções como necessárias sob uma fatwa do aiatolá Khomeini. Em 2019, foi nomeado chefe do Judiciário pelo aiatolá Khamenei, onde implementou algumas reformas, mas manteve uma postura repressiva contra dissidências.
Em 2021, Raisi venceu as eleições presidenciais com 62% dos votos, mas em um cenário de baixa participação eleitoral. Prometeu revitalizar a economia e negociar o fim das sanções internacionais, mas enfrentou protestos em massa em 2022 após a morte de Mahsa Amini sob custódia policial, resultando em uma repressão violenta.
Internacionalmente, Raisi apoiou ações militares na região, como os ataques contra Israel, em retaliação a um ataque ao consulado iraniano na Síria. Sua presidência também foi marcada por acusações de abusos de direitos humanos, levando a sanções dos EUA em 2019.
Raisi deixa uma herança complexa e controversa. Sua esposa, Jamileh, professora universitária, e suas duas filhas adultas permanecem fora dos holofotes, enquanto o Irã enfrenta o impacto de sua morte abrupta.