Por: Redação/PD
Foto: Arquivo Pessoal
João Vitor Mateus de Oliveira desapareceu aos 14 anos, em Goiânia, no dia 23 de abril de 2018. Por volta das 18h, ele deu um beijo na mãe e avisou que ia jogar videogame na casa de um amigo. “Te amo minha torradinha”, disse ao partir. Naquela noite, a casa foi alvo de uma ação da Polícia Militar, durante a qual dois amigos e um primo de João Vitor foram mortos pelos policiais. Pelo menos seis testemunhas afirmam que João Vitor também estava presente, mas a polícia nega.
Em 2018, 3,4 mil pessoas desapareceram em Goiás. Não há dados específicos sobre quantas dessas pessoas sumiram em ações policiais. Segundo estudiosos, esse tipo de desaparecimento é conhecido como “desaparecimento forçado”, que ocorre quando uma pessoa é retirada forçosamente de seu convívio por meio de violência, coação ou ameaça, muitas vezes por agentes do Estado.
Seis anos se passaram sem respostas sobre o paradeiro de João Vitor. A mãe do garoto afirma que a vida perdeu o sentido e que só continua viva porque “infelizmente, tem que viver”. Ela e o restante da família enfrentam sérios problemas psicológicos desde a fatídica noite.
“Minha menina teve que fazer tratamento por muito tempo, porque ficou com uma depressão muito forte. Eu estou me recuperando, mas tem dias em que me desestabilizo toda. Não posso ouvir barulho de sirene de polícia, porque passo mal. Minha mãe entrou em depressão e até hoje está doente. Minha irmã, mãe do meu sobrinho que morreu, toma remédio controlado. Então, destruiu a família”, resume a mãe de João Vitor.
A mãe de João Vitor se emociona ao dizer que nenhum feriado ou data comemorativa faz mais sentido para a família. Todos sentem que não têm razões para celebrar.
“Pra mim, ficou tudo sendo um dia como qualquer um”, lamenta.
Ela também afirma que não acredita que vai encontrar o filho vivo. Sua única esperança é que o corpo dele seja encontrado para que possa ser enterrado com dignidade.