Por: MediaTalks
Foto Destaque: Reprodução
Fiona Harvey, a advogada escocesa de 58 anos que inspirou a personagem Martha na série Bebê Rena (Baby Reindeer), entrou nesta quinta-feira (7) com um processo em um tribunal da Califórnia pedindo indenização de US$ 170 milhões à Netflix.
A produção, que bateu recordes de audiência, foi criada pelo escritor Richard Gadd retratando a personagem – não identificada – como uma stalker que tornou sua vida um inferno na vida real.
Fiona acabou sendo identificada por “detetives da internet”, deu uma entrevista ao popular jornalista de TV Piers Morgan em que nega vários fatos mostrados na série, e agora acusa a Netflix de difamação, imposição intencional de sofrimento emocional, negligência e violação de seu direito de publicidade.
Processo contra Bebê Rena da Netflix: ‘mentiras brutais’
O programa foi apresentado pela Netflix como sendo baseado nas experiências de Richard Gadd, na pele do personagem Donny Dunn, lidando com a stalker (perseguidora) Martha Scott. A saga teria começado depois que ele serve a ela um chá grátis no pub em que trabalhava.
Nas chamadas, o programa é descrito como “uma cativante história real”.
No processo, Harvey afirma que a Netflix espalhou com o seriado Bebê Rena “mentiras brutais”, incluindo que ela é uma “perseguidora condenada duas vezes e sentenciada a cinco anos de prisão”.
Ela acusa a empresa de streaming de ter contado as mentiras por serem uma história melhor do que a verdade, “e histórias melhores dão dinheiro”.
A Netflix reagiu ao processo impetrado por conta da série Bebê Rena dizendo que pretende defender sua produção “vigorosamente” e defender o direito de Richard Gadd de contar a sua história. Um dos problemas levantado pelo processo, no entanto, é: quem é o dono da história que envolve duas pessoas?
A personagem Martha em Bebê Rena
Quando os rumores sobre a identidade da stalker começaram, depois do lançamento de Bebê Rena, em abril, o próprio Gadd pediu que as pessoas parassem de tentar descobrir quem era a personagem, e salientou que a série não era um documentário – embora fosse apresentada como história real.
Entre os fatos narrados estão o de que ela teria enviado 41 mil emails e que teria sido condenada e presa por stalking.
A seu favor, ele tem o fato de que Fiona Harvey não foi identificada na série. No entanto, ela diz que foi forçada a se manifestar depois de ter recebido ameaças de morte online, feitas por pessoas revoltadas com a perseguição que supostamente teria feito a Richard Gadd.
As “pistas” do roteiro permitiram que se chegasse a ela.
E por isso deu a entrevista ao jornalista Piers Morgan, uma das principais personalidades da mídia britânica, que já foi âncora de diversos programas de TV matinais e hoje tem seu próprio canal no YouTube, com 2,8 milhões de assinantes.
A petição inicial do processo de Fiona Harvey contra a Netflix é aberta com uma citação do programa, que classifica de mentira.
“’Esta é uma história verdadeira’, Baby Reindeer, Episódio 1.
A citação acima do primeiro episódio da série Netflix, Baby Reindeer, é a maior mentira da história da televisão.
Os advogados de Harvey afirmam que a Netflix foi responsável por dizer a “mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo” que ela era uma “perseguidora duas vezes condenada e sentenciada a cinco anos de prisão, e que Harvey agrediu sexualmente Gadd”.
“Como resultado das mentiras, da prevaricação e da má conduta totalmente imprudente dos réus, a vida de Harvey foi arruinada”, dizem os documentos. “Simplesmente, a Netflix e Gadd destruíram sua reputação, seu caráter e sua vida.”