Por: Redação
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No último domingo, 30 de junho de 2024, a França testemunhou um avanço significativo da extrema direita nas eleições legislativas. Durante um evento em Henin-Beaumont, no norte do país, apoiadores hastearam bandeiras francesas enquanto Marine Le Pen, ex-presidente do grupo parlamentar Rassemblement National (RN), fez um discurso após os resultados do primeiro turno. De acordo com estimativas iniciais, o RN e seus aliados obtiveram mais de 34% dos votos.
Este resultado representa um marco histórico, pois a extrema direita não alcançava tal patamar de poder desde a libertação da ocupação nazista em 1945. O segundo turno, previsto para 7 de julho, será decisivo para determinar se o RN conseguirá a maioria absoluta na Assembleia Nacional.
A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) obteve entre 28,5% e 29,1% dos votos, enquanto a aliança de centro-direita do presidente Emmanuel Macron ficou em terceiro lugar, com entre 20,5% e 21,5%, segundo pesquisas dos institutos Ifop e Ipsos.
Com uma taxa de participação de 59,39% até às 17h, três horas antes do fechamento das urnas, este foi um dos turnos eleitorais mais movimentados dos últimos anos, superando significativamente a participação de 2022. O Ministério do Interior destacou a importância dessa participação para o desfecho eleitoral.
O economista e analista político Felipe Salto comentou que o governo francês enfrentará desafios para manter a estabilidade fiscal, um fator crucial diante do cenário político incerto.
A ascensão do RN pode ter implicações significativas para a política externa da França, especialmente no que diz respeito ao apoio à Ucrânia. Embora Marine Le Pen tenha expressado apoio a Kiev, suas relações com a Rússia de Vladimir Putin são vistas com desconfiança por muitos.
O sistema eleitoral francês, com seus 577 deputados eleitos em círculos uninominais e dois turnos, torna os resultados finais incertos até o último momento. Dependendo dos resultados em cada circunscrição, até três candidatos podem passar para o segundo turno, aumentando a complexidade das alianças políticas.
A coalizão de esquerda prometeu retirar seus candidatos em favor dos oficialistas contra a extrema direita, uma estratégia para maximizar as chances de derrotar o RN. Emmanuel Macron, por sua vez, sinalizou que adotará uma política de voto contra os “extremos” representados pelo RN e pela coalizão de esquerda radical A França Insubmissa (LFI).
Se o RN alcançar a maioria absoluta, Jordan Bardella, jovem líder emergente do partido, poderá ser indicado como primeiro-ministro. Aos 28 anos, Bardella já levou o partido a uma vitória nas eleições europeias, refletindo a mudança na dinâmica política da França.
Com um programa que inclui medidas como limitar a imigração, impor autoridade nas escolas e reduzir as contas de luz, o RN tenta moderar a imagem herdada de seu fundador, Jean-Marie Le Pen, conhecido por suas declarações controversas.
O jornal Le Monde alertou sobre os riscos de um governo de extrema direita, enfatizando a importância de proteger os valores democráticos e as conquistas sociais de mais de dois séculos e meio.
Os próximos dias serão importantes para definir o futuro político da França e o papel que a extrema direita desempenhará na governança do país.