Por: Redação
Foto: Ricardo Stuckert
Em resposta à recente disparada do dólar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião emergencial nesta quarta-feira no Palácio do Planalto. O objetivo do encontro é debater estratégias para controlar a valorização da moeda americana, que, segundo Lula, é resultado de um “jogo de interesse especulativo contra o real”.
Em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador, Lula expressou sua preocupação com a alta do dólar, que recentemente atingiu R$ 5,70 antes de fechar em R$ 5,667. “É um absurdo. Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação”, afirmou o presidente. Ele destacou que tem discutido com especialistas as possíveis medidas a serem adotadas, mas optou por não divulgar detalhes para não alertar seus adversários.
Lula tem criticado de forma contínua a política monetária do Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto, a quem acusa de ter um viés político prejudicial ao desenvolvimento econômico do país. Campos Neto, por sua vez, defende que as decisões do Banco Central são baseadas em critérios técnicos, não políticos.
O presidente reiterou seu apoio à independência do Banco Central, mas frisou que a autarquia “não pode estar a serviço do sistema financeiro e do mercado”. Ele também expressou sua insatisfação com o fato de não poder substituir Campos Neto imediatamente devido ao mandato vigente do presidente do Banco Central.
No cenário financeiro, as declarações de Lula têm gerado instabilidade e apreensão entre investidores, que temem um descontrole fiscal. Especialistas apontam que a alta do dólar, se mantida acima de R$ 5,50, pode comprometer a meta de inflação para este ano, fixada em 4,5%. Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos, estima que a inflação pode chegar a 5,5% com a valorização da moeda americana.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou que a reunião focará na agenda fiscal e no arcabouço econômico para os próximos anos. Ele sublinhou a necessidade de melhorar a comunicação do governo para tranquilizar os investidores, alinhando-se com as preocupações de Lula. Haddad descartou a redução do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), reafirmando o compromisso com a agenda fiscal.
Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e um dos criadores do Plano Real, considerou as críticas de Lula a Campos Neto uma “perda de tempo”. Ele argumentou que, em países com sistemas semelhantes, os presidentes evitam se manifestar sobre o Banco Central para não causar excitação nos mercados cambiais.
A situação requer uma resposta equilibrada que possa estabilizar o câmbio sem comprometer a confiança dos investidores, algo que a equipe econômica de Lula buscará alcançar na reunião desta quarta-feira.