Pai e filho brasileiros morrem em bombardeio no Líbano, enquanto Israel se prepara para ofensiva terrestre e o conflito no Oriente Médio intensifica-se
Na última segunda-feira (23), a tragédia atingiu a família Abdallah em Kelya, no Vale do Bekaa, Líbano, com a morte de Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, e seu pai, Kamal Hussein Abdallah, de 64, durante um ataque aéreo israelense. O bombardeio destruiu a fábrica da família, onde estavam reunidos no momento do ataque. Mohammed, o filho mais velho, de 16 anos, ficou ferido no braço e está sendo trazido de volta ao Brasil. A Embaixada do Brasil em Beirute está prestando assistência aos familiares das vítimas, conforme confirmou o governo brasileiro.
Adnan El Sayed, vereador em Foz do Iguaçu e amigo próximo da família, comentou sobre a tragédia: “Kamal buscava melhores oportunidades no Líbano. Infelizmente, a busca por uma vida melhor terminou de forma trágica com a perda de seu filho e dele próprio.” A dor de Mohammed, que testemunhou a morte de seu pai e irmão, é devastadora, segundo Adnan.
Escalada do conflito no Líbano
O bombardeio em Kelya é parte de um cenário de escalada nas tensões entre Israel e o Hezbollah, uma milícia xiita libanesa. Apenas na quarta-feira (25), ataques israelenses causaram 72 mortes e deixaram centenas de feridos em várias partes do Líbano, de acordo com o ministro da Saúde do país, Firass Abiad. Por outro lado, o Hezbollah intensificou sua ofensiva, disparando pela primeira vez um míssil balístico em direção a Tel Aviv, que foi interceptado pelas defesas aéreas israelenses.
O aumento da violência provocou a fuga de cerca de 90 mil pessoas da região sul do Líbano, epicentro dos confrontos mais intensos.
Preparação para uma ofensiva terrestre
Israel continua em alerta máximo e pode realizar uma invasão terrestre a qualquer momento. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reiterou que a segurança dos cidadãos israelenses é prioridade, prometendo continuar os ataques contra o Hezbollah. O comandante das Forças de Defesa de Israel, major-general Uri Gordon, destacou que os ataques visam enfraquecer a infraestrutura da milícia e facilitar uma incursão terrestre.
Enquanto isso, o temor se espalha entre os civis. Sara Ali Melhem, uma brasileira que fugiu da cidade de Kabrikha, relatou: “A situação é assustadora. Muita gente já fugiu para o norte, e quase não há ninguém na nossa área.”
Consequências e possíveis desdobramentos
Analistas preveem que uma invasão terrestre israelense pode ser inevitável, mas ressaltam os riscos de tal operação devido à resistência experiente do Hezbollah e à geografia complexa do Líbano. Efraim Inbar, presidente do Instituto para Estratégia e Segurança de Jerusalém, disse: “Estamos mais bem preparados para invadir o Líbano do que estávamos para a Faixa de Gaza, mas o Hezbollah não será um adversário fácil.”
O agravamento do conflito desperta a preocupação da comunidade internacional, que teme uma catástrofe humanitária de proporções ainda maiores. O governo brasileiro lamentou a perda de seus cidadãos e reafirmou o desejo de uma solução pacífica para o conflito no Oriente Médio.
Por: Redação
Foto: Divulgação/AFP