Denúncias de assédio contra Silvio Almeida aumentam e envolvem relatos de ex-alunas e profissionais. Investigações da PF e Ministério Público estão em andamento
O ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida enfrenta graves acusações de assédio sexual que vêm se acumulando nas últimas semanas. Desde setembro, seis mulheres vieram a público para relatar comportamentos inadequados e abusivos que teriam ocorrido em diferentes períodos e contextos. Entre as denunciantes estão Anielle Franco, atual ministra da Igualdade Racial, uma advogada e quatro ex-alunas de Almeida. O caso tem gerado comoção e reações contundentes, além de mobilizar investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público do Trabalho.
As denúncias contra Silvio Almeida vieram à tona em 5 de setembro, quando a coluna do jornalista Guilherme Amado revelou o primeiro relato público envolvendo a ministra Anielle Franco. Ela afirma ter sofrido importunação sexual desde o período de transição de governo, no final de 2022. Segundo Anielle, o então ministro a abordava com comentários inapropriados e, em uma ocasião mais recente, em maio de 2023, chegou a tocá-la de forma invasiva durante uma reunião. “Estamos falando de um conjunto de atos inadequados e violentos, sem consentimento”, disse a ministra, destacando que a situação perdurou por meses e escalou para episódios de contato físico indesejado.
Outro relato veio da advogada Isabel Rodrigues, que afirma ter sido assediada por Almeida durante um almoço em São Paulo, em 2019. Segundo ela, o ex-ministro teria colocado a mão em suas partes íntimas sem qualquer consentimento. A advogada decidiu trazer o caso a público depois que Almeida desqualificou as acusações feitas por outras vítimas, chamando-as de “mentirosas”. “Não pude me calar diante dessa tentativa de silenciamento”, disse Rodrigues em entrevista.
Acusações de ex-alunas
As demais denúncias envolvem ex-alunas de Silvio Almeida, que relataram episódios ocorridos durante o período em que ele lecionava na Universidade São Judas. Os casos datam de 2007 a 2017 e incluem situações em que Almeida teria feito avanços físicos e proferido comentários de cunho sexual. Uma das ex-alunas, que preferiu não se identificar, disse ter sido beijada à força em um evento na faculdade, enquanto outra relatou que o professor colocou as mãos em suas pernas durante uma reunião sobre projetos acadêmicos. Há ainda o relato de uma ex-aluna que afirma ter sido pressionada a sair com Almeida, temendo ser prejudicada em sua avaliação de monografia.
Investigações em curso
Com o aumento das denúncias, a Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho abriram inquéritos para investigar as alegações. As autoridades procuram esclarecer se houve um padrão de comportamento abusivo por parte de Silvio Almeida, bem como avaliar a veracidade dos relatos apresentados. O ex-ministro, por sua vez, nega as acusações e afirma que está sendo alvo de uma campanha difamatória.
Enquanto as investigações prosseguem, o caso tem gerado grande repercussão e colocou em foco questões mais amplas sobre assédio no ambiente de trabalho, especialmente em posições de poder. O governo Lula, do qual Almeida fazia parte, também está sob pressão para adotar medidas mais rigorosas contra práticas de assédio e para proteger as vítimas.
A repercussão pública
O aumento das denúncias contra figuras públicas e autoridades reforça a importância do combate ao assédio sexual e a necessidade de dar voz às vítimas. “É um ato de coragem denunciar, especialmente quando envolve pessoas em cargos de influência”, comentou uma especialista em direitos humanos. A expectativa é de que as investigações possam trazer justiça e servir de exemplo para que outros casos não fiquem impunes.
Por: Redação
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