Lideranças do Congresso condicionam ampliação do benefício a avanços concretos na recuperação das contas públicas
Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmaram nesta sexta-feira (29) que a elevação da isenção do Imposto de Renda (IR) para R$ 5 mil só será viável se houver estabilidade fiscal. A possibilidade, anunciada recentemente pelo governo, enfrenta resistência no Congresso, que prioriza a aprovação de medidas de contenção de gastos e equilíbrio orçamentário.
Lira reforçou a importância de um cronograma estruturado, afirmando que “o foco inicial é a aprovação de cortes e ajustes necessários para sanear as contas públicas”. Segundo ele, o compromisso da Câmara com a responsabilidade fiscal é inegociável, mas ajustes podem ser feitos durante as discussões.
Rodrigo Pacheco também destacou o papel do Congresso na condução de políticas que alinhem austeridade e crescimento econômico. “Precisamos de medidas que enfrentem o descontrole fiscal sem penalizar a população com aumento de tributos, mas que garantam sustentabilidade no longo prazo”, declarou.
A crise cambial, com o dólar ultrapassando a marca de R$ 6 nesta semana, aumenta a urgência de ajustes fiscais, especialmente devido à pressão que o câmbio exerce sobre a inflação e o poder de compra das famílias. Segundo Lira, a desvalorização da moeda nacional e o aumento do custo de vida afetam principalmente os mais pobres, reforçando a necessidade de um pacote de medidas focado no equilíbrio financeiro.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao vincular a ampliação da faixa de isenção do IR ao pacote fiscal, gerou questionamentos no Parlamento. Líderes argumentam que a proposta deveria ser apresentada como uma etapa futura, dependendo dos resultados das reformas econômicas.
“A expansão de benefícios fiscais é desejável, mas precisa estar condicionada ao crescimento sustentável da economia e à geração de novas receitas. Sem isso, estamos criando expectativas que não podem ser cumpridas no curto prazo”, pontuou Pacheco.
A expectativa é que o tema volte à pauta em 2025, quando os efeitos das reformas em andamento poderão ser avaliados com maior clareza. Até lá, o governo e o Congresso seguem focados em aprovar medidas que garantam o ajuste fiscal e promovam a recuperação econômica.
Por: Redação
Foto: Reprodução/Ueslei Marcelino/Reuters