Bancada ruralista vê no boicote um estímulo para aprovar regras que equilibram exigências ambientais no comércio internacional
A decisão do Carrefour de interromper a compra de carne brasileira gerou reações imediatas no Congresso Nacional e abriu caminho para a retomada do debate sobre o projeto de “reciprocidade ambiental”. O texto propõe que o Brasil só firme acordos comerciais que incluam limitações ambientais caso as mesmas exigências sejam aplicadas aos outros países signatários.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que defende os interesses do setor agropecuário, aproveitou o episódio para pressionar pela aprovação do projeto. Segundo o deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPA, a medida é fundamental para proteger os produtores brasileiros de barreiras impostas por concorrentes internacionais. “É inadmissível que nossos produtores sejam punidos enquanto outros países mantêm práticas mais permissivas”, disse.
Críticas do Carrefour
O impasse começou após declarações do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, que questionou a sustentabilidade da carne proveniente do Mercosul e anunciou a intenção de priorizar fornecedores de outras regiões. A decisão foi classificada como “precipitada e arbitrária” pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que também destacou o compromisso do Brasil com práticas sustentáveis no setor.
Mobilização política
Além de Fávaro, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), manifestou apoio ao agronegócio brasileiro, prometendo acelerar a tramitação de projetos estratégicos para o setor. “Essa crise reforça a importância de defendermos nossos produtores e garantirmos soberania alimentar”, afirmou Lira.
A controvérsia com o Carrefour ocorre em meio a outras tensões no comércio internacional, como as negociações do acordo Mercosul-União Europeia, marcado por críticas de setores agropecuários europeus. Para parlamentares brasileiros, o incidente fortalece o argumento de que o Brasil precisa exigir condições comerciais mais justas.
O impacto no agro
O setor agropecuário brasileiro, por sua vez, intensificou esforços para melhorar a imagem da produção nacional no mercado externo, destacando práticas sustentáveis e alinhadas às exigências globais. A expectativa é que o projeto de reciprocidade ambiental seja votado nas próximas semanas, consolidando uma resposta estratégica a boicotes como o do Carrefour e fortalecendo a posição do Brasil no cenário comercial global.
Por: Redação
Foto: Divulgação/Carrefour