Denúncia envolve organização criminosa e ataque ao Estado Democrático; parecer final pode levar meses
A Procuradoria-Geral da República (PGR) começou nesta segunda-feira (2) a avaliar o inquérito produzido pela Polícia Federal (PF) que indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por crimes como organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Entre os investigados estão ex-integrantes do governo e aliados próximos do ex-presidente.
O documento está sendo analisado por um grupo de nove procuradores, que auxiliam a procuradora-geral da República, Paulo Gonet, na decisão sobre a eventual apresentação de denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Gonet, o processo demanda uma “análise criteriosa” e dificilmente terá desfecho ainda em 2024.
Acusações e implicações políticas
A PF acusa Bolsonaro de integrar uma rede que teria articulado ataques às instituições democráticas, incluindo atos preparatórios para subverter o resultado das eleições de 2022. A investigação inclui também provas relacionadas à atuação de militares e civis em planejamentos golpistas.
A possível denúncia contra o ex-presidente intensifica comparações com momentos como a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva em 2018, que dividiu o país e gerou reações globais. A eventual responsabilização de Bolsonaro por crimes contra a democracia pode reforçar a percepção de que a política brasileira atravessa um ciclo de instabilidade e polarização.
Expectativa e resistência
Aliados do ex-presidente criticam as investigações, alegando motivação política, enquanto grupos opositores pedem celeridade no julgamento. A base bolsonarista já sinalizou que pode organizar mobilizações em caso de uma eventual prisão de Bolsonaro, acendendo alertas para possíveis manifestações de grande escala.
Especialistas em direito constitucional apontam que o desfecho do caso pode ser um divisor de águas para a consolidação das instituições democráticas no Brasil. “A responsabilização de lideranças políticas de alto escalão fortalece a noção de que ninguém está acima da lei, mas também demanda um equilíbrio para evitar rupturas sociais graves”, explica o cientista político Lucas Menezes.
Enquanto isso, a PGR segue seu trabalho em um dos inquéritos mais complexos e emblemáticos da história recente do país, com a decisão final ainda sem previsão para ser anunciada.
Por: Redação
Foto: Reprodução/Joe Raedle/Getty Images