Ameaças de tarifas e cenário fiscal doméstico agravam pressão sobre o real
O dólar registrou mais um recorde nesta segunda-feira (2), fechando cotado a R$ 6,06, com alta de 1,11% no dia. A moeda acumula valorização de 25,03% no ano frente ao real, reflexo de tensões globais e incertezas econômicas no Brasil. O movimento foi impulsionado por declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou impor tarifas de até 100% sobre os países do Brics, caso o bloco avance em planos para substituir o dólar como moeda de referência internacional.
As ameaças de Trump geraram instabilidade nos mercados globais, afetando principalmente as moedas de países emergentes e grandes exportadores de commodities, como o Brasil. Além disso, o fortalecimento do dólar foi amplificado por questões na Europa, incluindo impasses no orçamento da França, que contribuíram para a busca por segurança na moeda americana.
No Brasil, o real foi prejudicado pela fragilidade fiscal e pelo ceticismo do mercado em relação às medidas de contenção de gastos anunciadas pelo governo. “O pacote apresentado ficou aquém do esperado, mantendo os prêmios de risco elevados e pressionando o câmbio”, afirmou Luciano Costa, economista da corretora Monte Bravo.
O governo brasileiro, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizou reuniões emergenciais para discutir estratégias de controle fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu novas ações para equilibrar as contas públicas, embora tenha admitido que os resultados possam demorar a aparecer.
Enquanto isso, o Congresso Nacional reforçou que medidas como a isenção de Imposto de Renda só avançarão se não colocarem em risco o equilíbrio fiscal. O presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, destacaram a importância de uma política econômica responsável.
O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reafirmou o compromisso com o regime de câmbio flutuante, indicando que eventuais intervenções no mercado só ocorrerão em casos de extrema necessidade.
O mercado financeiro aguarda novos sinais de comprometimento do governo com as metas fiscais para aliviar a pressão sobre o real. Porém, com um cenário internacional volátil e incertezas internas, o dólar deve permanecer um termômetro sensível à dinâmica econômica e política.
Esse episódio ressalta os desafios enfrentados por economias emergentes diante das tensões globais e das demandas por ajustes estruturais domésticos.
Por: Redação
Foto: Kirill Kudryavtsev AFP/CP