Penas somam até 28 anos; caso repercutiu como símbolo de violência policial no Brasil
Três ex-policiais rodoviários federais foram condenados pela morte de Genivaldo Santos, ocorrida em maio de 2022, na cidade de Umbaúba, Sergipe. A vítima, de 38 anos, foi asfixiada após ser colocada no porta-malas de uma viatura e exposta a gás lacrimogêneo. O crime foi amplamente denunciado como um ato de violência policial desproporcional e gerou indignação nacional.
As sentenças
Os réus foram acusados de tortura e homicídio triplamente qualificado, e as penas foram definidas da seguinte forma:
- William Noia: 23 anos, 1 mês e 9 dias. Ele iniciou a abordagem e manteve a porta da viatura fechada após a liberação do gás.
- Kleber Freitas: 23 anos, 1 mês e 9 dias. Ele utilizou spray de pimenta contra Genivaldo por cinco vezes antes da colocação na viatura.
- Paulo Rodolpho: 28 anos. Foi responsável por lançar a bomba de gás no porta-malas e segurar a porta junto aos colegas.
Os condenados poderão recorrer da decisão judicial.
O caso
Genivaldo Santos, que possuía transtornos mentais controlados, foi abordado por policiais rodoviários federais enquanto pilotava uma motocicleta. Após uma abordagem agressiva, ele foi imobilizado, amarrado e colocado no porta-malas de uma viatura, onde inalou gás lacrimogêneo. O laudo médico apontou asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda como causas da morte.
Testemunhas registraram vídeos do ocorrido, mostrando Genivaldo gritando por socorro enquanto a fumaça saía do veículo. As imagens viralizaram, provocando revolta e comparações ao caso George Floyd, nos Estados Unidos.
Reação da família e sociedade
Após a condenação, Laura de Jesus Santos, irmã da vítima, afirmou que o veredito trouxe alívio, mas não felicidade. “Acalma um pouco, mas não traz Genivaldo de volta. Não é uma vitória, é apenas justiça sendo feita”, disse.
Organizações de direitos humanos comemoraram a decisão como um marco contra a impunidade em crimes cometidos por agentes do Estado.
Reflexão sobre violência policial
O caso reabriu debates sobre o uso excessivo de força por policiais e a necessidade de reformas urgentes nos treinamentos das forças de segurança pública. Especialistas apontam que o julgamento é um passo importante, mas que mudanças estruturais são indispensáveis para evitar novas tragédias.
O episódio permanece como um lembrete doloroso dos limites que precisam ser impostos às autoridades, reafirmando o direito à vida e à dignidade de todos os cidadãos.
Por: Tatiane Braz
Foto: Reprodução/TV Globo