Sindicato critica ação policial em caso envolvendo atendimento a gestante e aponta reflexos da crise na saúde pública
Dois funcionários da Maternidade Célia Câmara, em Goiânia, foram detidos pela Polícia Militar de Goiás (PM-GO) na última sexta-feira (6), após um desentendimento relacionado ao atendimento de uma gestante. Enquanto a PM alega desobediência e resistência, o Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde-GO) denunciou o episódio como abuso de autoridade e reflexo do caos na saúde pública da capital.
De acordo com o Sindsaúde-GO, a situação começou quando o marido de uma paciente, classificada como caso de menor gravidade pelo protocolo médico, exigiu prioridade no atendimento. Após ser informado sobre os critérios de triagem, ele acionou um assessor de vereador, que chamou a polícia ao local.
Prisões e relatos
Segundo a PM, os policiais foram atender a uma denúncia de omissão de socorro. Durante a abordagem, uma enfermeira teria se recusado a fornecer informações solicitadas, sendo presa por desobediência. Um maqueiro também foi detido, acusado de resistência e de ferir um policial durante o ocorrido.
A enfermeira foi liberada após assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), enquanto o maqueiro foi solto após pagar fiança no valor de um salário mínimo.
Reação e crise na saúde
O Sindsaúde-GO repudiou as prisões, classificando a ação como violência e abuso de poder. A entidade destacou que a situação expõe a precariedade do sistema de saúde municipal, agravada por atrasos no pagamento de salários, falta de recursos e condições inadequadas de trabalho.
Além disso, o sindicato acusou o vereador envolvido de tráfico de influência e solicitou investigação sobre a conduta dele e de seu assessor.
O caso ocorre em um momento de crescente insatisfação com a gestão da Saúde em Goiânia, que enfrenta denúncias de corrupção, prisões de gestores e protestos da população. Em resposta à crise, o procurador-geral de Justiça de Goiás, Cyro Terra Peres, pediu intervenção estadual no sistema de saúde da capital, ressaltando violações aos direitos básicos dos cidadãos.