Pressões econômicas e incertezas fiscais desafiam a política econômica em meio à desconfiança do mercado
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta uma fase crítica no encerramento de 2024, marcada pela alta do dólar, que atingiu R$ 6,20, e pela elevação da taxa Selic para 12,25% ao ano. Esses indicadores refletem a crescente desconfiança do mercado em relação à política fiscal, mesmo após o anúncio de um pacote econômico para conter gastos.
Desafios no Congresso para aprovação do pacote fiscal
O plano de austeridade apresentado pelo governo, que prevê a redução de R$ 327 bilhões nos gastos públicos até 2030, encontra resistência no Congresso Nacional. Apesar de a Câmara ter iniciado a votação nesta semana, analistas apontam que há risco de que o texto seja desidratado, comprometendo sua eficácia.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se recentemente com o presidente Lula para alinhar estratégias e reforçar a necessidade de aprovação integral das medidas. “Precisamos da colaboração de todos para manter a saúde fiscal e garantir a confiança no Brasil”, declarou Haddad.
Turbulência no mercado financeiro
A disparada do dólar é atribuída a fatores internos e externos, incluindo a maior atratividade dos juros nos Estados Unidos. Esse movimento pressiona o real e gera impacto direto nos preços de produtos importados e na inflação. O Ibovespa também refletiu a incerteza, encerrando a terça-feira em queda, com 124 mil pontos.
Segundo economistas, o mercado aguarda sinais mais firmes de compromisso fiscal por parte do governo. “Sem reformas estruturais, o câmbio e os juros continuarão sob pressão”, avaliou Sidney Lima, analista financeiro.
Taxa Selic: perspectiva de novas altas
O aumento da Selic foi justificado pelo Banco Central como necessário para conter as expectativas de inflação, que têm subido devido ao câmbio instável e à falta de confiança na política fiscal. O Copom indicou a possibilidade de novos ajustes em 2025, podendo levar a taxa para 14,25% ao ano.
Próximos passos e desafios econômicos
O governo enfrenta um curto prazo para avançar com soluções que restabeleçam a confiança dos investidores antes do recesso parlamentar, previsto para começar no final de dezembro. A combinação de dólar elevado, juros crescentes e um mercado cético pressiona ainda mais o Executivo a demonstrar que está no controle da situação econômica e fiscal.
Por: Tatiane Braz
Foto: Ricardo Stuckert