Redução dos juros nos EUA e incertezas fiscais no Brasil impulsionam alta da moeda norte-americana
Nesta quarta-feira (18), o dólar encerrou o dia cotado a R$ 6,26, marcando a maior cotação já registrada no Brasil. A disparada reflete tanto fatores externos quanto internos, com destaque para a decisão do Federal Reserve (Fed) de reduzir a taxa de juros dos Estados Unidos para um intervalo entre 4,25% e 4,50%.
O presidente do Fed, Jerome Powell, justificou o corte nos juros como uma resposta à desaceleração econômica americana, mas a medida acabou fortalecendo o dólar globalmente. No Brasil, o impacto foi imediato: o Ibovespa caiu 2,31%, encerrando em 121.807 pontos, enquanto o real continuou em desvalorização.
“Os mercados reagem com nervosismo diante da incerteza econômica nos Estados Unidos, e o dólar acaba servindo como refúgio para investidores em momentos como este”, explicou a economista Letícia Andrade, da Austin Rating.
No mercado doméstico, a trajetória de alta do dólar já vinha sendo observada antes do anúncio do Fed, com a moeda oscilando e chegando a R$ 6,19 pela manhã. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alertou para a possibilidade de especulação como um dos fatores que ampliam a volatilidade do câmbio.
Além disso, a desconfiança em relação à política fiscal brasileira agrava o cenário. O governo tenta aprovar no Congresso um pacote econômico com promessas de economizar R$ 70 bilhões até 2026, mas o mercado segue cético sobre sua eficácia.
Apesar dos esforços do Banco Central, como leilões de dólares para conter a escalada da moeda, a pressão cambial persiste. Especialistas destacam que as ações emergenciais podem ter impacto limitado se não houver mudanças estruturais na economia.
“O mercado está esperando mais clareza sobre o comprometimento do governo com as metas fiscais. Sem isso, o dólar continuará testando novas máximas”, afirmou o analista Sidney Martins, da XP Investimentos.
Com a proximidade das festas de fim de ano e o aumento das incertezas tanto no Brasil quanto no exterior, o ambiente econômico segue desafiador. A combinação de fatores externos, como a política monetária americana, e internos, como a fragilidade fiscal, manterá os investidores atentos às próximas movimentações do governo e do Banco Central.
Por: Tatiane Braz
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