Mobilização global reforça a necessidade de equidade no acesso à saúde para salvar vidas
O Dia Mundial do Câncer, celebrado anualmente em 4 de fevereiro, é um alerta sobre os desafios enfrentados no combate à doença e um chamado para ações concretas que possam garantir prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado a todos. A campanha de 2025, intitulada “United by the Unique” (“Unidos pela Singularidade”), promovida pela Union for International Cancer Control (UICC), destaca a importância de um atendimento humanizado e acessível, independentemente da condição socioeconômica do paciente.
A realidade do câncer no Brasil
O câncer já é uma das principais causas de morte no país, com mais de 700 mil novos casos anuais e 240 mil óbitos registrados em 2022. Os dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indicam que, até o final da década, essa doença poderá superar as doenças cardiovasculares como principal causa de mortalidade.
O acesso ao diagnóstico e ao tratamento, no entanto, não é igual para todos. Enquanto pacientes com planos de saúde conseguem atendimento mais rápido, aqueles que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) enfrentam demoras excessivas para consultas, exames e cirurgias, reduzindo suas chances de um tratamento eficaz.
Atrasos na regulamentação da política nacional de combate ao câncer
A Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, sancionada em 2023, trouxe avanços importantes para a assistência oncológica no Brasil. No entanto, sua regulamentação está atrasada há oito meses, pois as portarias ainda não foram publicadas. Sem essa etapa, os direitos e benefícios previstos na legislação não se tornam realidade.
Outro ponto essencial é a implementação do Programa de Melhoria do Acesso ao Especialista (PMAE), que prevê um prazo máximo de 30 dias para diagnóstico. A demora na efetivação desse programa agrava o problema da detecção tardia, fator que impacta diretamente as chances de cura.
O desafio do acesso a tratamentos inovadores
A chegada de novas terapias e medicamentos é fundamental para aumentar a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes. Apesar da incorporação de 20 novos medicamentos oncológicos no SUS, a distribuição ainda não ocorre de forma uniforme, deixando muitos pacientes sem acesso a tratamentos essenciais.
A criação de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para diferentes tipos de câncer permitiria um tratamento mais padronizado e acessível. Hoje, apenas o câncer de mama possui um PCDT vigente, e mesmo assim, sem um modelo de financiamento definido, o que impede sua plena aplicação.
Além dos avanços farmacêuticos, o atendimento ao paciente deve ser integral e multidisciplinar, incluindo suporte psicológico, nutricional, fisioterápico e social. Outro ponto crítico é a necessidade de ampliar o acesso aos cuidados paliativos, fundamentais para garantir conforto e dignidade a pacientes com doenças avançadas.
Mobilização por mudanças reais
O Instituto Oncoguia segue na luta por um sistema de saúde mais justo e acessível. No Dia Mundial do Câncer de 2025, a organização realizará um ato público na Avenida Paulista, em São Paulo, reunindo pacientes, especialistas e ativistas para conscientizar a sociedade e pressionar as autoridades por avanços concretos.
O câncer é uma realidade urgente, e cada dia conta. É preciso cobrar ações efetivas do poder público para garantir um atendimento ágil, tratamento adequado e equidade no acesso à saúde. Com mobilização e compromisso coletivo, é possível mudar esse cenário e salvar milhares de vidas.
Por: Redação
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