Karine Gouveia e Paulo César Dias estavam presos desde dezembro; mais de 70 pacientes relatam complicações após tratamentos
Karine Gouveia e seu marido, Paulo César Dias, donos de uma clínica de estética acusados de causar danos graves a pacientes, foram soltos após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O casal estava preso desde 18 de dezembro, mas a defesa conseguiu reverter a prisão, alegando que ela era desnecessária e ilegal.
Na decisão publicada na sexta-feira (7), a ministra Daniela Teixeira considerou que manter o casal detido era “desproporcional”, especialmente porque outros envolvidos no caso já haviam sido liberados. A defesa argumentou que Karine e Paulo não representavam mais risco às investigações e que são responsáveis por uma criança de 7 anos, que recentemente sofreu um acidente grave e precisou de cirurgia.
A ministra impôs uma série de medidas restritivas ao casal, incluindo a proibição de deixar o país, frequentar o local da antiga clínica, manter contato com funcionários ou vítimas, e atuar profissionalmente na área de estética. Eles também foram proibidos de divulgar procedimentos estéticos em redes sociais.
A Diretoria-Geral de Polícia Penal confirmou que o casal já deixou o presídio.
Denúncias e Investigação
O delegado Daniel Oliveira, responsável pelo caso, informou que as investigações começaram em abril de 2024, após a primeira denúncia de uma paciente. Desde então, mais de 70 pessoas procuraram a polícia para relatar sequelas e complicações decorrentes de procedimentos realizados na Clínica Karine Gouveia. Entre os casos mais graves, está o de uma paciente que precisou ser intubada após desenvolver necrose no nariz.
“Muitas vítimas estão na fila do SUS para tentar reparar os danos causados por esses procedimentos. Além das lesões, identificamos o uso de substâncias como PMMA e silicone em tratamentos que só poderiam ser realizados por médicos cirurgiões plásticos”, explicou o delegado.
Karine Gouveia não possui formação na área da saúde, enquanto Paulo César Dias cuidava da parte administrativa da clínica. A polícia destacou que o estabelecimento atraía clientes com preços abaixo do mercado, utilizando uma forte presença nas redes sociais, inclusive com a colaboração de celebridades.
Condições Precárias
As investigações revelaram que os procedimentos eram realizados em condições inadequadas. Os profissionais não tinham a qualificação necessária para manipular as substâncias utilizadas, e as instalações da clínica apresentavam falhas graves, como falta de esterilização e o uso de instrumentos inadequados, como bisturis cegos.
As duas unidades da clínica, localizadas em Goiânia e Anápolis, foram fechadas pela Vigilância Sanitária em dezembro de 2024.
Por: Redação
Foto: Reprodução/Redes Sociais