Material inclui depoimentos detalhados do ex-ajudante de ordens e já está acessível ao público
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou a divulgação dos vídeos da delação premiada do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid. O conteúdo, gravado pela Polícia Federal (PF) no ano passado, foi mantido sob sigilo até esta quinta-feira (20).
Na quarta-feira (19), as transcrições dos depoimentos já haviam sido divulgadas, mas somente agora as gravações foram tornadas públicas. Os relatos fazem parte do acordo de colaboração firmado entre Cid e as autoridades, trazendo detalhes sobre as investigações em curso.
Principais trechos dos vídeos
Moraes adverte Cid sobre contradições
Em uma das gravações, Alexandre de Moraes repreende Mauro Cid por contradições e omissões nos depoimentos. Segundo o ministro, relatórios da Polícia Federal indicam que o ex-ajudante de ordens forneceu informações inconsistentes, o que poderia levar à anulação dos benefícios do acordo de delação. Moraes também alertou que uma possível revogação do acordo afetaria não apenas Cid, mas também sua família.
Pressão sobre o ministro da Defesa
Outro trecho da delação revela que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, a incluir no relatório das Forças Armadas uma suposta fraude no sistema eleitoral. Cid afirma que, diante da insistência do ex-presidente, foi elaborada uma versão do documento que sugeria que o sistema eletrônico de votação não era auditável, o que foi desmentido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Bolsonaro incentivava desconfiança nas eleições
Mauro Cid também relatou que, após a derrota nas eleições de 2022, Bolsonaro mantinha a expectativa entre aliados de que algo ainda poderia ser feito para reverter o resultado. Segundo o ex-ajudante de ordens, o ex-presidente alimentava discursos de contestação ao pleito, mesmo sem qualquer evidência concreta de irregularidades.
Se a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro for aceita pelo STF, ele se tornará réu e enfrentará um processo criminal que pode levá-lo a responder por crimes como tentativa de golpe de Estado e liderança de organização criminosa.
Por: Redação
Foto: Reprodução/g1