Moeda norte-americana sobe com temores de recessão nos EUA e incertezas sobre tarifas de Trump
O dólar comercial fechou em alta de 1,13% nesta segunda-feira (10), cotado a R$ 5,8549, impulsionado pela aversão ao risco nos mercados globais diante das crescentes preocupações com a economia dos Estados Unidos. O movimento também refletiu a disparada da moeda norte-americana frente a outras divisas emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano.
Na B3, o contrato futuro de dólar para o primeiro vencimento avançava 1,16%, negociado a R$ 5,881 no fim da tarde. O cenário global contribuiu para a pressão sobre as moedas de países emergentes, enquanto os investidores buscavam proteção diante de sinais de desaquecimento da economia norte-americana.
Temores com recessão nos EUA
Os temores de uma possível recessão nos Estados Unidos ganharam força após a divulgação do último relatório de emprego do país. Os dados mostraram a criação de 151 mil vagas em fevereiro, abaixo da projeção de 160 mil empregos feita por analistas consultados pela Reuters. Além disso, a revisão para baixo dos números de janeiro acendeu um alerta entre os agentes financeiros.
As incertezas aumentaram após uma entrevista do presidente dos EUA, Donald Trump, à Fox News, no domingo. Questionado sobre os riscos de uma recessão decorrente das tarifas que pretende impor a China, México e Canadá, o republicano evitou previsões e disse que o país atravessará um “período de transição” devido às ações de sua administração.
A falta de clareza nas declarações de Trump reforçou a aversão ao risco entre os investidores, que temem que as tarifas prejudiquem ainda mais a economia global. O índice do dólar, que mede a performance da moeda americana frente a seis divisas fortes, subia 0,25%, a 103,930 pontos, refletindo o aumento na demanda pela moeda como ativo de segurança.
Perspectivas para o Fed e impactos no Brasil
O mercado segue atento aos próximos passos do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. Na sexta-feira, o presidente da instituição, Jerome Powell, afirmou que a entidade atuará com cautela antes de decidir novos cortes nos juros, reforçando a incerteza sobre a política monetária americana.
Para analistas, a perspectiva de que o Fed manterá juros elevados por mais tempo pressiona moedas emergentes como o real, tornando o cenário ainda mais desafiador. “Com a fragilidade das questões domésticas e os riscos externos, o real se torna uma das moedas mais vulneráveis em momentos de estresse”, disse Eduardo Moutinho, analista do Ebury Bank.
No Brasil, a alta do dólar gera preocupação sobre o impacto na inflação, especialmente em produtos importados. Investidores também acompanham a trajetória das contas públicas e as estratégias do governo Lula para conter a escalada dos preços.
Oscilação do dólar no dia
O dólar chegou a atingir a máxima de R$ 5,8722 (+1,43%) por volta das 16h11, enquanto a mínima foi registrada nas primeiras horas do pregão, a R$ 5,7727 (-0,29%), às 11h53.
O mercado segue de olho nas próximas movimentações do governo brasileiro e na política monetária dos EUA, fatores que podem continuar impactando a cotação do dólar nas próximas sessões.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Reuters