Profissional é acusado de constrangimentos e exposição vexatória contra equipe de enfermagem
Um médico do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, está sendo investigado por assédio moral contra servidores, com foco na chefe de Enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulta. Ambos foram afastados até a conclusão da apuração interna.
A denúncia, à qual o portal Mais Goiás teve acesso, relata que a chefe de Enfermagem vinha sofrendo exposições constrangedoras desde outubro de 2022. Em um dos episódios citados, o médico teria expulsado toda a equipe de enfermagem de uma reunião na UTI. O documento também aponta que o profissional evitava se comunicar com a enfermeira, desautorizava suas decisões e a isolava dentro do hospital.
Procurada, a chefe de Enfermagem preferiu não se pronunciar. O portal também tenta contato com o médico denunciado. Em nota, o Hospital das Clínicas informou que instaurou um processo interno para analisar as denúncias e que os envolvidos foram afastados preventivamente. A investigação corre sob sigilo.
Protesto contra assédio moral no Hospital das Clínicas
Na quarta-feira (19/3), enfermeiros protestaram contra o assédio moral dentro da unidade. O ato reuniu dezenas de trabalhadores, que reivindicaram um ambiente de trabalho mais respeitoso.
Antes do protesto, uma manifestação em apoio à chefe de Enfermagem já havia sido realizada. Funcionários fixaram uma faixa na entrada do hospital com os dizeres: “Chefe assediador! Não! Os profissionais da UTI Adulto estão adoecidos”. Segundo relatos, a direção retirou a faixa cerca de uma hora depois.
O Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior do Estado de Goiás (SINT-IFESgo) entregou um documento à direção do hospital cobrando esclarecimentos sobre a apuração do caso e sobre outras denúncias de assédio em diferentes setores da unidade.
Casos de assédio no Judiciário
A Justiça Federal divulgou, em 2024, um relatório sobre casos de assédio moral, sexual e discriminação na seção judiciária de Goiás. O levantamento apontou que 43 pessoas relataram ter sido vítimas desses crimes cometidos por juízes. A maior parte das ocorrências envolvia assédio moral, seguido por assédio sexual e discriminação.
O estudo também indicou a dificuldade das vítimas em denunciar os abusos devido ao receio de represálias ou à ausência de mecanismos eficientes de proteção.
O caso do Hospital das Clínicas evidencia a necessidade de medidas mais rigorosas para combater o assédio dentro de instituições públicas. O protesto dos enfermeiros demonstra a insatisfação dos profissionais com o ambiente de trabalho e a cobrança por soluções concretas.
A investigação segue em sigilo, e ainda não há previsão para sua conclusão.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Divulgação/UFG