Ex-presidente admite que discutiu “alternativas” com militares após derrota nas eleições de 2022, como estado de sítio e intervenção.
Em entrevista publicada na Folha de S. Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro finalmente admitiu ter discutido com militares sobre alternativas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, após sua derrota nas eleições de 2022. De acordo com Bolsonaro, as conversas sobre medidas como estado de sítio, estado de defesa e até mesmo intervenção ficaram restritas a “palavras”, sem profundidade. Ele explica que, diante da inesperada derrota, buscou alternativas, mas sem recorrer à Justiça Eleitoral.
As alternativas mencionadas por Bolsonaro são baseadas no artigo 142 da Constituição, que trata das competências das Forças Armadas, incluindo a defesa dos poderes constitucionais. Contudo, o cenário do Brasil naquela época não justificava tal medida. Não havia uma verdadeira comoção popular, exceto nos acampamentos de bolsonaristas que clamavam por um golpe, mesmo após a vitória de Lula ter sido reconhecida pela justiça eleitoral.
Bolsonaro também afirmou que, após sua derrota, escolheu viajar para os Estados Unidos, de onde acompanhou, via televisão, os eventos que culminaram no golpe de 8 de janeiro de 2023. Essa tentativa de subverter o processo eleitoral e transferir o poder sem a posse formal de Lula levou Bolsonaro a ser indiciado pelo Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe, organização criminosa e danos a prédios públicos. O ex-presidente poderá ser condenado, a menos que opte por fugir do país.
A revelação reforça as acusações de que a conduta de Bolsonaro foi um atentado contra a ordem democrática do Brasil, colocando em risco a integridade das instituições e a própria estabilidade política do país.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Divulgação