Inflação acumulada desde o Plano Real ultrapassa 680% e compromete valor real da moeda brasileira. Outros países também enfrentam desvalorização, embora em ritmos diferentes.
Desde que foi lançado, há quase 31 anos, o real perdeu cerca de 87% do seu poder de compra. O impacto da inflação acumulada entre 1994 e 2025 — que chegou a 686,64% — significa que R$ 100 à época têm hoje o mesmo valor real de apenas R$ 12,70, segundo cálculos do IBGE.
Na prática, isso se traduz em perda de valor das cédulas no dia a dia. Uma nota de R$ 5, que em 1994 comprava itens básicos, hoje equivale a apenas R$ 0,64 em poder de compra. Ainda que o fenômeno afete outras economias, como os Estados Unidos, onde US$ 1 de 1994 vale hoje US$ 0,47, o efeito da inflação no Brasil é mais intenso.
“O principal impacto da inflação é justamente a perda do poder de compra. Aquilo que você compra hoje com determinado valor, amanhã custará mais — e com o mesmo dinheiro, você adquire menos”, explica o economista Robson Gonçalves, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Como as notas desvalorizaram
Com base na calculadora de inflação do IBGE, o g1 simulou quanto valem hoje algumas cédulas lançadas desde o Plano Real:
R$ 2 (lançada em 2001): poder de compra atual de R$ 0,50
R$ 20 (2002): hoje vale R$ 5,18
R$ 200 (2020): equivale a R$ 149,67
A inflação acumulada nesses períodos foi de 297,49%, 286,12% e 33,63%, respectivamente.
Picos históricos de inflação
O real foi criado em 1994 para combater a hiperinflação que, no ano anterior, havia alcançado impressionantes 4.922%. Embora a moeda tenha estabilizado os preços no curto prazo, o país enfrentou novos surtos inflacionários desde então, quase sempre impulsionados por crises políticas ou econômicas.
Os anos com maior inflação desde a criação do real foram:
1995: 22,41% (incertezas iniciais sobre a nova moeda)
2002: 12,53% (crise energética e transição presidencial)
2015: 10,67% (início do processo de impeachment de Dilma Rousseff)
2021: 10,06% (pandemia de Covid-19)
Segundo Gonçalves, além da emissão exagerada de moeda no longo prazo, fatores conjunturais como instabilidade política ou choques econômicos também aceleram os preços.
Três décadas de inflação
A inflação acumulada no Brasil desde 1994 pode ser dividida por períodos:
1994 a 2004: 151,88%
2004 a 2014: 70,03%
2014 a 2025: 82,00%
Mesmo com taxas anuais mais controladas em parte da última década, a inflação continua sendo um dos principais desafios da economia brasileira. Em fevereiro de 2025, por exemplo, o país teve o maior índice mensal para o mês em 22 anos.
Embora o acumulado de 12 meses esteja em
Por: Redação via G1
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