Teatros montados em locais públicos eram usados para manipular votos; esquema usava verba pública e já causou prejuízo de R$ 3,5 bilhões
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (16) uma nova fase da Operação Teatro Invisível, com foco em uma sofisticada rede de desinformação que atuava durante o período eleitoral no estado do Rio de Janeiro. Segundo os investigadores, cenas encenadas por atores em locais movimentados foram usadas para afetar a imagem de adversários políticos, com objetivo de influenciar diretamente a opinião do eleitorado.
Os conteúdos simulavam discussões, denúncias falsas, tumultos e situações de violência, todos gravados com aparência espontânea e compartilhados em massa pelas redes sociais. As encenações foram financiadas com recursos públicos, desviados por meio de contratos superfaturados e acordos com empresas de fachada.
O prejuízo estimado aos cofres públicos chega a R$ 3,5 bilhões. Entre os alvos da operação estão o prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho (PL), e ex-candidatos a prefeituras de outras cidades fluminenses, como Itaguaí, Mangaratiba e São João de Meriti. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos, e bens dos investigados foram bloqueados por ordem judicial.
De acordo com a PF, o grupo criminoso usava empresas com atividades genéricas para formalizar contratos com prefeituras. Essas empresas, por sua vez, repassavam os valores para a produção dos vídeos manipulados. A investigação também aponta para crimes como lavagem de dinheiro, destruição de provas digitais, fraude em licitações e uso de caixa 2.
A operação mostra como o ambiente digital pode ser manipulado com recursos públicos, tornando o processo eleitoral vulnerável a práticas fraudulentas e cenários fabricados com aparência de realidade.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Reprodução/TV Globo