Beneficiários denunciam cobranças não autorizadas feitas por entidades; investigação revela fraudes bilionárias entre 2019 e 2024
Em apenas três dias após a abertura do canal de reembolso criado pelo governo federal, mais de 1,3 milhão de aposentados e pensionistas já formalizaram reclamações junto ao INSS, relatando descontos indevidos em seus benefícios mensais. A operação faz parte de um esforço conjunto com a Polícia Federal, que apura a atuação criminosa de entidades que teriam se aproveitado de dados pessoais dos segurados para realizar cobranças sem autorização.
Segundo o Instituto Nacional do Seguro Social, as associações — que se apresentam como representativas dos aposentados — utilizaram informações falsas e cadastros forjados para incluir beneficiários em seus quadros, aplicando mensalidades diretamente sobre a aposentadoria ou pensão. A fraude já teria movimentado cerca de R$ 6,3 bilhões ao longo de cinco anos, entre 2019 e 2024.
Até agora, 41 instituições foram apontadas pelos usuários como envolvidas nas irregularidades — o número corresponde a todas as entidades listadas no sistema do INSS.
O pedido de ressarcimento pode ser feito por meio do aplicativo Meu INSS ou pelo telefone 135. Durante o processo, o cidadão deve consultar as deduções registradas, indicar se elas foram autorizadas e enviar uma declaração simples, sem a necessidade de apresentar documentos nesta fase.
As entidades citadas terão até 15 dias úteis para apresentar documentação que comprove o vínculo com o segurado. Caso contrário, o valor será devolvido diretamente na folha de pagamento, após recolhimento via Guia de Recolhimento da União (GRU).
Em pronunciamento oficial, o presidente do INSS, João Waller, alertou os aposentados:
“Não informe nada a ninguém, não assine nada, não dê qualquer tipo de informação. O processo ocorre apenas pelo aplicativo ou telefone 135, sem contatos por SMS ou ligações”.
A ação abrange cerca de 9 milhões de pessoas que tiveram descontos identificados nos últimos anos e podem ter sido vítimas de fraudes silenciosas.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil