Mineiro de Aimorés, Salgado vivia em Paris e, ao lado da esposa Lélia Wanick, criou o Instituto Terra, um dos maiores projetos de recuperação ambiental do Brasil
Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos do mundo, morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris, onde vivia. Natural de Aimorés, no Vale do Rio Doce, Minas Gerais, Salgado nasceu em 1944 e formou-se inicialmente em Economia, mas foi com a fotografia que ganhou reconhecimento internacional, tornando-se uma das maiores referências na arte e no ativismo ambiental.
Ao lado da esposa, a também artista e curadora Lélia Wanick Salgado, fundou o Instituto Terra, responsável por um dos mais importantes projetos de reflorestamento do Brasil, focado na recuperação do bioma da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce. A instituição lamentou publicamente sua morte, destacando-o como “mestre e eterno inspirador”.
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade”, afirmou o Instituto em nota.
De acordo com informações da Folha de S.Paulo, o fotógrafo enfrentava complicações de saúde decorrentes de uma malária contraída na década de 1990.
Sebastião Salgado deixa dois filhos, Juliano e Rodrigo, e os netos Flávio e Nara. Sua carreira fotográfica começou em 1973 e o levou a mais de 100 países, onde produziu imagens que se tornaram icônicas, como as que registraram o cotidiano de trabalhadores, povos tradicionais e paisagens naturais em risco.
Entre seus trabalhos mais marcantes está a série de imagens em preto e branco de Serra Pelada, no final dos anos 1980, que retratou com crueza e poesia o garimpo de ouro na Amazônia. Também se destacam o livro “Terra” (1996), sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com prefácio de José Saramago e músicas de Chico Buarque, e o documentário “O Sal da Terra” (2014), dirigido por Wim Wenders e Juliano Salgado, que foi premiado no Festival de Cannes e indicado ao Oscar.
Em 2024, Salgado anunciou oficialmente sua aposentadoria do trabalho de campo, revelando ao jornal The Guardian que seu corpo já sentia os efeitos de anos dedicados à fotografia em ambientes muitas vezes hostis e desafiadores.
Seu legado permanece vivo não apenas na fotografia, mas também no exemplo de compromisso com causas sociais e ambientais. Como definiu o Instituto Terra, Sebastião Salgado deixa uma “lente que revelou o mundo e suas contradições, e uma vida que demonstrou o poder da ação transformadora”.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Mario Tama/Getty Images