Processador Xring 01 marca estreia da empresa no segmento premium e acende alerta geopolítico nos Estados Unidos
A Xiaomi anunciou nesta sexta-feira (24) um dos passos mais ousados de sua trajetória: o lançamento do Xring 01, seu primeiro chip de alto desempenho, desenvolvido para rivalizar diretamente com gigantes como Apple e Qualcomm. A novidade foi revelada ao lado do smartphone Xiaomi 15S Pro, em um evento que celebrou a entrada da empresa no seleto grupo de fabricantes com tecnologia própria de processadores premium.
Produzido com litografia de 3 nanômetros pela TSMC, mesma fornecedora da Apple, o Xring 01 apresenta desempenho comparável — e, segundo a Xiaomi, até superior — ao do Apple A18 Pro. O processador possui arquitetura de dez núcleos, e, conforme destacou Lei Jun, CEO da empresa, simboliza “o começo de uma nova geração”. O nome, inclusive, faz referência direta a essa estreia.
O governo chinês não escondeu o orgulho. Em nota oficial, saudou a Xiaomi, classificando a conquista como “um símbolo do poder de inovação chinês”. Não é para menos: o desenvolvimento do chip envolveu mais de 2.500 engenheiros ao longo de quatro anos e consumiu um investimento inicial de 13,5 bilhões de yuans (aproximadamente R$ 10 bilhões). A empresa anunciou ainda que destinará outros 50 bilhões de yuans, ao longo da próxima década, para fortalecer sua atuação no setor de semicondutores.
Especialistas destacam que o lançamento do Xring 01 representa não apenas um avanço tecnológico, mas também um movimento com forte impacto geopolítico. Embora ainda não haja uma resposta oficial dos Estados Unidos, analistas apontam que a novidade poderá ser vista como mais um desafio à hegemonia ocidental no setor de tecnologia. O episódio remete ao caso da Huawei, que sofreu pesadas sanções do governo norte-americano, prejudicando suas operações globais.
A Xiaomi, no entanto, acredita que sua parceria com a TSMC, e não com a fabricante chinesa SMIC, pode protegê-la, ao menos temporariamente, de retaliações similares. “Não é apenas uma façanha técnica, mas uma demonstração da nossa capacidade de competir no mais alto nível”, afirmou Lei Jun.
Com essa iniciativa, a Xiaomi passa a integrar um grupo cada vez mais restrito de empresas que dominam a fabricação de chips avançados, e reforça sua ambição de se posicionar como líder global em inovação e tecnologia.
Por: Lucas Reis
Foto: Reprodução