Influenciador, que se entregou após 10 meses foragido, agora deve cumprir medidas restritivas
Após permanecer foragido por quase um ano, o influenciador Vitor Vieira Belarmino se apresentou à polícia no último dia 19. Menos de duas semanas depois, nesta sexta-feira, a Justiça decidiu revogar sua prisão, estabelecendo que ele cumpra diversas restrições.
A determinação, assinada pela juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, prevê que Vitor compareça mensalmente ao Judiciário para justificar suas atividades, informe qualquer mudança de endereço e entregue sua carteira de habilitação, estando impedido de conduzir veículos. Ele também não poderá frequentar casas noturnas entre 22h e 6h, nem se aproximar da viúva de Fábio Toshiro Kikuta, vítima do atropelamento, mantendo distância mínima de 500 metros.
Ainda segundo a decisão, Vitor está proibido de manter contato com a viúva, testemunhas ou familiares dessas pessoas, além de não poder se ausentar por mais de 30 dias sem autorização judicial. Seu passaporte segue retido.
Vitor responde pelos crimes de homicídio simples, fuga do local do acidente e omissão de socorro. A defesa alegou “ausência de elementos concretos e atuais reveladores de risco ao processo”, enquanto o Ministério Público se opôs, destacando que ele ficou foragido por quase toda a fase de instrução processual.
A juíza considerou que, embora a prisão preventiva tenha sido decretada em setembro de 2023 para proteger o processo e a ordem pública, atualmente esses motivos não se mantêm. A magistrada ainda frisou que Vitor “é primário e portador de bons antecedentes criminais” e que, entre as 97 anotações na sua CNH, ele foi reconhecido em apenas onze, nenhuma delas por excesso de velocidade.
“Por essa razão, após os esclarecimentos prestados pela Defesa em pasta 506, supervenientes à decisão que decretou a prisão preventiva do réu, se mostra temerário, nesse momento processual, utilizar tal fundamento, isoladamente, para indicar que o acusado seria contumaz em dirigir perigosamente, a ponto de ensejar a medida extrema de prisão preventiva”, consta na decisão. A juíza também ressaltou: “não se pode deturpar o requisito da garantia da ordem pública como forma de acolher o clamor público oriundo das redes sociais para a decretação de medidas cautelares tão gravosas, as quais devem ser analisadas, exclusivamente, com base nos ditames processuais penais”.
O advogado Gabriel Habib informou que seu cliente ainda está detido na unidade prisional de Benfica, mas pode ser liberado nas próximas horas ou dias: “O Vitor não oferecer perigo à sociedade, não é um criminoso contumaz”, declarou, acrescentando que ele “não vai fugir” e que “tem endereço certo”.
As investigações apontam que, momentos antes do atropelamento, Vitor conduzia o carro entre 109 km/h e 160 km/h, acima do limite permitido de 70 km/h. Segundo a polícia, se ele respeitasse a velocidade, teria evitado a colisão.
Em entrevista à TV Record, o influenciador afirmou que trafegar acima do limite é uma prática comum no local, justificando que “o índice de assalto ali é grande”. Lamentou a fatalidade, negou ter ingerido álcool e disse que Fábio e sua esposa atravessaram em um “ponto cego”, enquanto ele “desviava de um carro” ao ultrapassar uma moto.
Vitor fugiu sem prestar socorro, acompanhado de seis mulheres no carro, uma das quais relatou à polícia: viu o momento em que ele “desviar de um carro” e atingir Fábio. Logo após, as passageiras foram deixadas próximas ao local, enquanto Vitor seguiu fugindo.
Por: Lucas Reis
Foto: Reprodução/Record TV