Um estudo conduzido por pesquisadores da Aston University, no Reino Unido, revelou um dado preocupante: 90% dos jovens adultos entre 18 e 25 anos apresentam ao menos um sinal clínico da síndrome do olho seco. A pesquisa, publicada na revista científica The Ocular Surface, destaca uma mudança no perfil etário das pessoas afetadas pela doença, até então mais comum em idosos.
A síndrome do olho seco ocorre quando os olhos não produzem lágrimas em quantidade ou qualidade suficientes para manter a lubrificação adequada da superfície ocular. Essa falha compromete a estabilidade da película lacrimal, provocando sua evaporação precoce. Os principais sintomas são ardência, vermelhidão, sensação de areia nos olhos, visão embaçada e sensibilidade à luz. De acordo com os pesquisadores, o aumento expressivo de casos entre jovens está diretamente relacionado ao estilo de vida atual, marcado pelo uso prolongado de dispositivos eletrônicos como celulares, tablets e computadores.
O uso contínuo de telas reduz o número de piscadas por minuto, o que prejudica a lubrificação natural dos olhos.. Fatores como má qualidade do sono, exposição constante a ambientes com ar-condicionado e baixa ingestão de água também contribuem para o agravamento do problema. O alerta não se limita aos jovens adultos. Crianças e adolescentes também estão em risco, especialmente os que fazem uso precoce e sem controle de aparelhos eletrônicos. A ausência de pausas regulares, aliada à falta de orientação e supervisão, pode antecipar o aparecimento dos sintomas e comprometer a saúde ocular desde cedo.
Diante do avanço da doença, oftalmologistas e entidades médicas recomendam a adoção de medidas preventivas simples, mas eficazes. Entre elas, estão: limitar o tempo de exposição às telas a no máximo três horas por dia, especialmente no caso de crianças, fazer pausas visuais a cada 20 minutos, olhando por 20 segundos para algo a cerca de 6 metros de distância, incentivar atividades ao ar livre e a prática de exercícios físicos, manter uma boa hidratação ao longo do dia e realizar consultas oftalmológicas anuais, mesmo sem sintomas aparentes.
Atualmente, não há cura definitiva para a síndrome do olho seco. O tratamento visa aliviar os sintomas e evitar complicações, com o uso de colírios lubrificantes, medicamentos anti-inflamatórios, suplementos alimentares e mudanças de hábito. Por ser uma condição crônica, o tratamento é individualizado e pode exigir múltiplas abordagens ao longo do tempo. O controle eficaz da doença depende de acompanhamento médico e da adoção de estratégias de prevenção desde a infância. Com o uso de telas se tornando cada vez mais frequente e precoce, especialistas reforçam que proteger os olhos deixou de ser uma preocupação exclusiva da terceira idade e passou a ser uma prioridade para todas as faixas etárias.
Humberto Borges – Oftalmologista