Contradições em depoimentos e ausência de ferimentos intrigam policiais no caso que ganhou novos desdobramentos
O mistério envolvendo a morte do empresário Adalberto Amarilio dos Santos Junior, de 36 anos, continua chamando atenção em São Paulo. Seu corpo foi encontrado no dia 3 de junho, dentro de um buraco de obra no Autódromo de Interlagos, zona sul da capital. Ele estava desaparecido desde 30 de maio.
Nos últimos dias, a investigação ganhou novas frentes após análise de laudos do Instituto Médico-Legal (IML) e novos depoimentos. O corpo foi localizado em pé, sem parte das roupas. A calça deixada próxima ao buraco, segundo sua esposa, não pertencia a ele.
Rafael Aliste, amigo que estava com Adalberto no evento, relatou em depoimento que os dois consumiram cerveja e maconha. Ele descreveu o empresário como “muito nervoso, ansioso, agitado, muito eufórico”. No entanto, exames iniciais apontam que não havia álcool ou entorpecentes no organismo da vítima.
A delegada Ivalda Aleixo, responsável pelo caso, observou:
“Descartamos, lógico, um roubo e também uma queda acidental.”
Ela questiona o comportamento descrito e considera incompatível com o efeito de substâncias depressoras. Para a polícia, seria improvável que alguém caísse e não tentasse sair de um buraco de 2 a 3 metros de profundidade e tão estreito.
Outras dúvidas permanecem:
A falta de ferimentos visíveis no corpo
A ausência da câmera GoPro, antes acoplada ao capacete
O sangue encontrado em diferentes partes do carro da vítima
O fato de ele ter sido visto pela última vez antes de chegar ao carro
Três exames foram solicitados para aprofundar a investigação: um laudo toxicológico mais detalhado, a necropsia e análise genética do sangue achado no veículo. Por causa das temperaturas baixas, o tempo da morte pode ser difícil de determinar.
A possibilidade de latrocínio foi descartada, já que nada de valor — além da câmera — foi levado. A polícia também investiga se Adalberto pode ter sido imobilizado com um golpe, como o “mata-leão”.
Mapas estão sendo usados para reconstituir o trajeto da vítima desde que deixou o evento até o local onde foi encontrado. Familiares reforçam que ele não possuía dívidas nem desafetos. Era dono de imóveis e mantinha mais de R$ 1 milhão em sua conta empresarial.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Reprodução/redes sociais