Manifestação teve críticas ao STF, presença de ex-eleitor de Lula e símbolo do “batom da revolta”
Milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniram na tarde deste domingo (29) na Avenida Paulista, em São Paulo, para pedir anistia aos presos dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Com o lema “Justiça já”, a manifestação também serviu como palco para críticas diretas ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente ao ministro Alexandre de Moraes.
Entre os manifestantes estava José Caldeira, mineiro que ficou conhecido por levar ao ato um batom gigante feito com cano de PVC. Segundo ele, o objeto simboliza a revolta com a pena de 14 anos imposta a Débora Rodrigues, condenada por pichar a escultura da Justiça. “Queremos proporcionalidade das penas. Muitos que estão presos não quebraram nada”, afirmou.
O discurso de Caldeira reforça a narrativa bolsonarista de que os envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes foram vítimas de exageros nas decisões judiciais. “Não somos contra o Judiciário, mas queremos pacificação. Viemos por justiça e por um Brasil melhor”, disse. Ele também demonstrou apoio a Bolsonaro e declarou esperar que o ex-presidente não seja preso.
Outro manifestante, o aposentado Everaldo Sinesio dos Santos, de 60 anos, usava uma bandeira de Israel nas costas e criticou duramente o STF. “O julgamento é injusto, teve gente infiltrada. Bolsonaro e os militares são inocentes. A verdade vai aparecer”, declarou. Everaldo revelou ter votado em Lula e Dilma Rousseff, mas disse ter mudado de lado após “cair a ficha”.
O ato também contou com cartazes de apoio a Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e críticas ao atual governo. Manifestantes carregavam faixas pedindo anistia, imagens religiosas e frases como “liberdade já”. Alguns participantes se fantasiaram de ministros do STF em tom de protesto.
A manifestação foi convocada pelo próprio Bolsonaro, em meio ao avanço das investigações sobre a tentativa de golpe. Apesar da adesão significativa, parlamentares da base bolsonarista minimizaram o público menor que o de atos anteriores, atribuindo à data e ao “fim do mês”.
Por: Lucas Reis
Foto: Maria Luiza Valeriano/Terra