Carlos Baptista Júnior confirma alerta feito por Freire Gomes após segundo turno de 2022; reunião ocorreu no Alvorada
Em depoimento prestado nesta quarta-feira (21) ao STF, o ex-comandante da FAB Carlos de Almeida Baptista Júnior afirmou que o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-chefe do Exército, chegou a alertar o então presidente Jair Bolsonaro sobre o risco de prisão, caso insistisse em permanecer no poder após ser derrotado nas urnas.
A declaração foi feita durante a oitiva de Baptista Júnior no processo que investiga supostos atos golpistas planejados no final do mandato de Bolsonaro. A denúncia foi protocolada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Segundo Baptista, o alerta de Freire Gomes ocorreu durante um encontro no Palácio da Alvorada, em novembro de 2022, após o segundo turno das eleições. Na ocasião, os três comandantes militares se reuniram com o presidente para discutir o cenário político do país.
“Confirmo, sim senhor. Acompanhei anteontem a repercussão [do depoimento de Freire Gomes]. Estava chegando de viagem. Freire Gomes é uma pessoa polida, educada, não falou com agressividade, ele não faria isso. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, calma, mas colocou exatamente isso. ‘Se fizer isso, vou ter que te prender’”, afirmou.
Apesar de Freire Gomes ter declarado ao STF, dois dias antes, que não utilizou o termo “prisão”, e sim advertiu sobre possível “enquadramento jurídico”, Baptista disse não ver contradição: o conteúdo do aviso seria o mesmo, com diferenças apenas na forma.
Indagado pelo advogado Demóstenes Torres, defensor do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, Baptista voltou a sustentar o que dissera à Polícia Federal: “Ele [Freire Gomes], com toda educação, disse ao presidente [Bolsonaro] que poderia ser preso sim, mantenho isso”.
As informações reforçam a narrativa da cúpula militar de resistência a qualquer movimento que contrariasse a Constituição nos dias seguintes à eleição presidencial de 2022.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil